DSTs no Carnaval: veja as mais comuns e saiba como se proteger
Na época do Carnaval, por conta das festas, as pessoas costumam ficar mais livres para ter relações sexuais. Mas nem por isso o sexo pode ser desprotegido. É essencial que, antes de qualquer transa ou contato íntimo, você tenha sempre em mãos um preservativo para evitar as doenças sexualmente transmissíveis.
Para tirar todas as dúvidas sobre as doenças sexualmente transmissíveis, saber quais são as mais comuns e como se proteger, conversamos com o Dr. Paulo Gallo, ginecologista, especialista em reprodução humana e diretor-médico do Vida- Centro de Fertilidade.
Fortíssima: O contágio das DSTs pode acontecer via oral, vaginal e anal?
Dr. Paulo Gallo: As doenças sexualmente transmissíveis incluem uma gama vasta de contaminações que podem ser transmitidas através das relações sexuais. Está muito além das que são mais difundidas como gonorreia, sífilis, AIDS, isto é, há muito mais doenças que podem ser transmitidas por via sexual.
De um modo geral, as pessoas têm muito medo do HIV porque a AIDS, na década de 80 e 90, não tinha cura, depois passou a ter o tratamento com coquetel e as mortes diminuíram. Com o tempo, se passou a viver uma vida quase normal com o coquetel, mas as pessoas voltaram a relaxar e não usar camisinha. Nesse sentido, é fundamental que se use o preservativo, não só para efetuar o sexo seguro entre casais heterossexuais para evitar uma gravidez indesejada, mas também para evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.
Muitas dessas doenças também podem ser prevenidas. A Hepatite B é uma doença transmissível que pode ser evitada com a vacinação feita nos postos de saúde. O HPV pode causar câncer de colo do útero e câncer de pênis e já existe vacina para HPV. Por isso, o cuidado com a camisinha vai muito além das DSTs.
Além das já conhecidas sífilis, gonorreia, AIDS, condiloma, HPV, temos aquelas DSTs que provocam corrimentos, como a candidíase, que também podem dar coceira e cheiro ruim, além da herpes. A gama é muito grande, desde doenças que causam apenas desconforto até doenças que podem levar a infertilidade, câncer, e também a morte.
O contágio pode ser por sexo vaginal, oral e também anal, como por exemplo, você pode passar herpes no beijo, no sexo oral, a sífilis também é um exemplo.
O uso da camisinha protege 100% contra todas as DSTs?
Não. Nada protege 100%. A própria camisinha pode romper durante o ato sexual, principalmente se não for colocada da maneira correta. Não protege 100%, mas diminui acentuadamente o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis.
Quais são as DSTs mais comuns?
Gonorreia e clamídia, que podem levar a infecções do aparelho genital e causar infertilidade. No caso da sífilis é bom ressaltar que, em uma mulher grávida, pode fazer com que o bebê nasça com sequelas graves, problemas neurológicos.
Também há riscos de AIDS e a hepatite B (muito comum) e ainda existem as doenças mais relacionadas a corrimento como candidíase, condiloma… São inúmeras. Um das mais raras é a HTLV (transmitido por via sexual, nas transfusões de sangue, pelo compartilhamento de seringas e agulhas e da mãe para o filho na gravidez), um vírus muito parecido com o da AIDS, inclusive. As mais graves (que apresentam maior risco de morte) são HIV, Hepatite, HPV, HTLV, gonorreia, clamídia e cancro.
É possível pegar alguma DST em um banheiro público? Como evitar?
A princípio é difícil pegar doença venérea em banheiro público, a não ser que tenha uma contaminação muito grande naquele local, mas deve-se sempre evitar de ter contato direto com a região genital com a tábua de banheiro público. O indicado é não encostar ou forrar bem com papel higiênico ou lenço umedecido antes de sentar.
Como guardar a camisinha de forma segura antes de ir ao bloco?
A camisinha pode ser guardada no bolso desde que não haja o rompimento da embalagem, pois pode ficar ressecada e ter mais chances de romper durante o ato sexual.
Nos últimos anos, caiu o número de jovens que não usam preservativo?
Sim, infelizmente na década de 80, quando surgiu a AIDS, não tinha cura e quase todo mundo morria. Essas mortes fizeram com que as pessoas se conscientizassem mais e começassem a usar mais os preservativos. No final da década de 90, com os bons resultados dos coquetéis nos tratamentos, as pessoas relaxaram mais e passaram a não ter tanto medo.
O excesso de álcool facilita para que as pessoas não usem preservativo?
Com certeza! A pessoa embriagada acaba perdendo um pouco o limite, o linear de responsabilidade. Primeiro que o Carnaval é propicio a paquera, a zoação e as pessoas procurando ser felizes, ficam mais irresponsáveis por causa da bebida. Com isso, elas acabam diminuindo o senso de responsabilidade e o fato aumenta o risco de contrair DSTs, não é que o Carnaval aumente o risco, mas o comportamento durante essa época acaba tirando um pouco a responsabilidade.
Qual é a primeira medida caso haja suspeita de ter pego uma DST?
Em caso de qualquer suspeita, procure um atendimento médico apropriado para fazer o diagnóstico médico e verifique se será preciso fazer um tratamento efetivo. Infelizmente nem todas as doenças transmitidas pelo sexo têm cura, como o HTLV, o HIV e a Hepatite B, pois depois de ter a doença ativa, é feito apenas o controle.
Fonte: Fortíssima / Portal Terra